Joaquim Correa de Souza Belo

Joaquim Correa de Souza Belo: Presidente do CNS (2002–2005/2015–2019)

Joaquim Correa de Souza Belo herdou do pai, o grande líder extrativista Tomé de Souza Belo, a beleza no nome e a vocação para ser liderança. Da mãe, Maria Deuza Correa de Souza, carrega nas veias o pulsar de devoção ao guerreiro São Tiago, divindade mazaganense, razão por que, desde jovem, luta em defesa do território onde seus ancestrais assentaram morada.

Nascido em 19 de julho, Joaquim é natural de um Projeto de Assentamento Extrativista, no município de Mazagão, estado do Amapá, localidade que, por volta de 1770, recebeu 163 famílias transferidas de uma possessão portuguesa no Marrocos, na África.

Formado e forjado na Escola-Família Agrícola de Olivan Anchieta, Espírito Santo, nos anos de 1989 a 1992, Joaquim sempre esteve em lugares onde a luta do Movimento Social em defesa dos extrativistas e dos povos da fl oresta se fez necessária.

Duas vezes presidente do CNS, Joaquim foi também Secretário do CNS no Amapá, Conselheiro do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), presidente da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Carvão Mazagão, tesoureiro administrativo da Rede das Escolas-Família Agrícolas do Carvão Mazagão e membro do Fórum das Associações de Agricultores de Mazagão.

Atualmente, Joaquim é Coordenador de Projetos e Membro de Comitê Gestor e Conselhos: Projeto Puxirum (Governo Finlandês/ Santarém); Membro do Conselho Assessor Externo-CAE Embrapa;

Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural, Conselho Nacional de Floresta; Conselho Nacional de Meio Ambiente; Programa Áreas Protegidas-ARPA; Programa Comunidades Tradicionais (MMA); e Fundo Nacional de Meio Ambiente (MMA).

Para Joaquim, o conhecimento do extrativismo e das populações tradicionais é um aprendizado:

Desde criança é preciso saber manejar uma floresta, olhar para o céu e saber sobre a influência da lua para fazer a colheita. Isso não é valorizado, é ignorado. O governo cria institutos de educação para o meio rural, mas o olhar ainda é vesgo. Existe uma política moldada e desenhada para esse modelo moderno que se choca com o modo de vida dos extrativistas.

Profundo em seu conhecimento, Joaquim vai além em sua compreensão da realidade enfrentada por seu povo na floresta:

Hoje a gente vive num sistema muito perverso. A produção se padronizou. Já a nossa batalha na terra é de geração para geração. Foi do meu avô para o meu pai, do meu pai para mim, e daí vai para o meu filho. Hoje essa passagem está em risco porque o nosso ambiente rural e extrativista vem sendo negado o tempo todo.

O que fazer? Joaquim, o grande líder da floresta, completa:

O instrumento que temos para defender nossos territórios é através das nossas organizações. E se não fosse esse movimento, o CNS e essa nossa resistência, não sei o que seria da Amazônia.

Marcos Jorge Dias – Escritor, estudante de Jornalismo e membro do Conselho Editorial da Revista Xapuri. Perfil extraído da entrevista feita por Maria Emília Coelho, jornalista e Assessora de Comunicação do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). Fonte: Carta Capital.